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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dietas garantem o emagrecimento ?

   Todos que em algum momento da vida sentiram-se insatisfeitos com seu corpo buscaram realizar algum tipo de dieta. Entre tantas, porém qual a melhor? De uma forma bastante simples podemos afirmar: nenhuma. Essa visão pode parecer radical para alguns, no entanto, ela se baseia no simples fato de que, a pessoa que esteve ou está acima do peso ou obeso já se entregou a uma dieta na vida, e então, se estas funcionassem, seria de se esperar que não houvesse mais pessoas acima do peso ou obesas.
   
   Para a análise mais apurada destas questões devemos considerar que a nossa alimentação é resultado da interferência de inúmeros fatores tais como aspectos culturais, sociais, emocionais e biológicos. Assim, ao impormos exclusivamente a restrição de determinados alimentos ou grupos de alimentos, estamos desprezando esse conjunto de fatores. Cada pessoa que engorda apresenta fatores pessoais determinantes para esse ganho de peso.

   Pelas consequências não só do importante agravo à saúde decorrente da obesidade, mas também da urgência que as pessoas têm de emagrecer, diversas soluções imediatistas são adotadas. Os apelos são sempre os mesmos: “perca X quilos em X dias”. De fato a perda de peso pode ser um alento a quem está com sobrepeso, porém pode não significar perda de gordura na mesma proporção da perda de peso.

   Dietas que promovem rápida redução de peso corporal, normalmente são muito restritivas, difíceis de serem mantidas por longo prazo. Muitas vezes não atacam a causa do problema que levou ao ganho de peso, apenas geram uma grande restrição calórica que vai levar à redução de peso, mas também à manifestação do sentimento: “não vejo à hora de acabar esta dieta e chegar ao peso ideal”. O grande problema é que ao “acabar” a dieta e retomar os padrões alimentares a recuperação do peso é inevitável. Considerando que as causas para o ganho de peso são variadas as soluções também devem ser.

   Ingerimos alimentos por diversas razões: recompensa, ansiedade, tristeza, celebração, fome entre outros. Adotar uma dieta que eleja determinado grupo de alimentos como responsáveis pelo ganho de peso é sem dúvida uma abordagem por demais reducionista e não enxerga a complexidade do ser humano.

   Quem não se lembra de algum dia em que chegou em casa e teve o seguinte pensamento ao comer ou beber algo: “hoje eu mereço, tive um dia cheio, estou exausto (a)”. Este pensamento é muito comum, a comida tem um papel recompensador importante em nossas vidas, desde quando somos crianças. E aqui cabe uma advertência aos pais: evitem usar alimentos como recompensa, como: “se você for bem na prova ganha um sorvete”, ou “se comer tudo ganha sobremesa”.

   Parecem inofensivas, mas frases e atitudes como estas vão fazendo com que a criança associe conquistas com o prazer de comer, o alimento vira uma recompensa e este sentimento vai acompanhá-la pelo resto da vida. Momentos de frustração serão superados com consumo de doces, ou outros alimentos que possam ser prazerosos.

   Temos o hábito de COMEmorar nossas conquistas, em restaurantes, sempre a volta de uma mesa. Lembram-se daquela frase da avó: “até parece que não gostou, não comeu nada”. Estes são alguns exemplos de como nossa relação com alimento é muito mais complexa e vai além de ter ou não disciplina, controlar ou não o que se come.

   Por esta razão a única maneira de emagrecer e se manter saudável é adotar hábitos saudáveis, passar por um processo de reeducação nutricional que não vai acabar como acontece com uma dieta. Aprendendo a comer podemos nos alimentar bem em qualquer lugar, em qualquer restaurante, viajando, em hotel. Desta forma ninguém precisa se privar de sair para jantar, negar um happy hour porque está de dieta. É possível manter uma vida normal quando se sabe como comer, sempre podemos fazer opções mais saudáveis e adequadas, basta saber COMO.

   Algumas dicas práticas:

1) Desenvolver cardápios mais saudáveis em casa, nas escolas, empresas, fazendo com que a rotina alimentar mais saudável seja adotada logo nos primeiros anos de vida e passe a ser uma segunda natureza.

2) Orientar o consumo alimentar familiar, sendo a refeição um fim em si mesma e não em agentes acessórios como TV, computador etc.

3) Quando não for possível controlar a ingestão de alimentos de forma racional procurar uma equipe multidisciplinar com apoio psicológico. Evitar que o alimento assuma outro papel que não relacionado a se alimentar e o prazer que existe nesta ação por si só.

4) Não procurar formas mágicas para emagrecer, elas funcionam por muito pouco tempo e o ganho de peso depois é normalmente maior do que o foi perdido.

5) Não tenha pressa para emagrecer, às vezes, levamos 10 anos para ganhar 10kg, cerca de 1kg por ano e quando decidimos emagrecer queremos perder 10kg em 1 mês. Esta pressa nos leva a buscar soluções mágicas e pouco definitivas.


Luciana Lancha
Nutricionista e Bacharel em Esporte (GE.NET)

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